Precisa contratar advogado? 10 passos para fazer a melhor escolha!

Se você está passando por alguma situação complicada e precisa contratar advogado, com certeza procura um profissional que lhe transmita confiança e credibilidade. Mas, considerando que o Brasil tem 1 advogado para cada 190 habitantes, como encontrar a pessoa certa? Todos merecem um lugar ao Sol, mas também é importante destacar que o nível de complexidade de um caso é proporcional à experiência necessária para conduzi-lo com a máxima eficiência possível.  Por isso, preparamos um guia completo com todos os fatores que você precisa ponderar antes de fechar um contrato e assinar uma procuração. Confira!

10 passos para contratar advogado:

1. Identifique qual é o ramo da advocacia que você precisa 2. Procure recomendações de bons profissionais  3. Verifique a experiência do advogado no assunto que você precisa 4. Procure e analise o site e/ou redes sociais do advogado 5. Escolha um advogado que inspire confiança (e confie nele!) 6. Mas, se achar importante, procure uma segunda opinião 7. Entenda como funcionam os honorários advocatícios 8. Cuidado com promessas em excesso 9. Valorize a consulta 10. Priorize um contrato escrito

1. Identifique qual é o ramo da advocacia que você precisa

Advocacia é como medicina: você tem os generalistas e os especialistas. Ser generalista não é um problema, à medida em que a capacidade de cada advogado de atuar em ramos diferentes depende de seus estudos, qualificações, interesses etc.  Por exemplo: o advogado que lhes escreve é especializado em direito civil e empresarial, porém, por interesse e experiência anterior, tem base suficiente para atuar no direito criminal, com tranquilidade.  Vou lhe ajudar a identificar o especialista que melhor atende ao seu caso! ADVOGADO CRIMINALISTA Os advogados criminalistas ão qualificados para:

  • Atender, orientar e garantir preservação de direitos em situações de flagrante;
  • Encaminhar o cumprimento de mandados judiciais;
  • Proceder com investigação defensiva (modalidade de investigação que visa produzir provas em favor do acusado, com valor legal);
  • Acompanhar inquéritos policiais e adotar providências práticas como acompanhar depoimentos, sugerir provas a serem produzidas e demais necessidades que ocorrerem no curso de investigações.
  • Compreender os meios de defesa e definição de estratégias para o processo judicial.

E como funciona o processo de defesa? Encerrada uma investigação, o delegado de polícia fará um relatório e o encaminhará ao Ministério Público que: solicita diligências, pede arquivamento ou oferece a denúncia.  Com a denúncia, o acusado será intimado para apresentar defesa em 10 dias, momento importante para identificar motivos que justifiquem o encerramento imediato do processo ou, em não sendo o caso, informar todas as provas que pretende produzir e já indicar testemunhas. Compete ao criminalista apresentar todas as teses ao seu alcance para obter a liberdade do acusado preso, bem como para alcançar um julgamento justo, buscando resultado que esteja em conformidade a lei e a verdade real. Habeas Corpus e Recurso em Sentido Estrito são petições que fazem parte do dia a dia do advogado criminalista, bem como pedido de liberdade provisória e relaxamento de flagrante. Também está nas mãos do criminalista a competência para atuar no processo de execução criminal, que visa acompanhar o cumprimento da pena e discutir questões como progressão de regime e remissão de pena. Nesse processo também são ponderadas eventuais faltas cometidas pelo preso, sendo atribuição do criminalista acompanhar sindicâncias para apuração de desvios de conduta ou outros motivos que justifiquem a instauração. Você encontrará especialistas em algumas atividades. Há o advogado com experiência em delação premiada, ou crimes cometidos por policiais militares, bem como aquele que somente faz pareceres técnicos ou realiza sustentações orais em tribunais.

ADVOGADO CÍVEL

O Direito tem diversos ramos e esses ramos, por sua vez, tem especialidades. Um advogado cível em geral, dominará os meandros do processo civil, que foi totalmente alterado em 2015. Vamos aos casos comuns e o especialista que pode resolver: Direito de Família: divórcio, pensão alimentícia, guarda de menor, regulação de visitas, reconhecimento de paternidade, negativa de paternidade, revisão de pensão alimentícia. Direito do Consumidor: cobrança indevida, problemas com produtos (celular, geladeira, fogão, carros etc) e serviços, devolução de produtos comprados pela internet. Contratos: redige, analisa, corrige e profere pareceres sobre negócios jurídicos escritos, decifrando e descrevendo as regras de cada espécie de contrato existente, além das regras gerais. Contrato de compromisso de compra e venda, locação, contrato de serviços online são exemplos. Sucessões: Nesse ramo atuam advogados aptos a conduzir inventários e arrolamentos, judiciais ou extrajudiciais, resolvendo o destino do patrimônio deixado por quem faleceu. Direito das Coisas: solução de impasses sobre a posse e os direitos reais sobre bens móveis e imóveis (usucapião, reintegração de posse, manutenção na posse são exemplos).  De forma geral, os civilistas tem pleno conhecimento em como atuar para solução de impasses no campo do Direito das Obrigações que, como o nome diz, trata dos direitos e deveres assumidos em relação ao patrimônio material ou imaterial.

ADVOGADO TRABALHISTA

Aqui estão os advogados mais solicitados, na nossa impressão, dentre as carreiras jurídicas. São eles os responsáveis por defender empregados visando resguardar os direitos garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), apresentando perante a Justiça do Trabalho os pedidos de seu cliente. É um ramo extremamente especializado e, se sua necessidade está em receber de um patrão que te demitiu e não pagou, ou pagou menos, bem como questões de acidentes de trabalho, problemas de saúde decorrentes do exercício da profissão etc, é fundamental buscar um profissional com experiência na área. Embora os advogados que defendam empresas geralmente estejam atrelados diretamente ao ramo corporativo, é comum que o empresário procure seu defensor no rol de advogados trabalhistas. No Brasil é pouco comum essa identificação entre “advogado do patrão” e “advogado do empregado”.  Nos EUA, por exemplo, advogados corporativos costumam não se identificar com reclamantes, principalmente em demandas coletivas e, no mesmo sentido, escritórios que atuam com empregados não costumam assessorar corporações. Por aqui, é mais comum encontrar escritórios que têm em suas carteiras de clientes tanto empregados quanto empregadores, o que acaba sinalizando um risco. Não é raro recebermos relatos sobre profissionais antiéticos que receberam honorários salgados para “mudar de lado” e, como detinham informações privilegiadas, acabaram prejudicando o trabalhador para favorecer a empresa. Muito cuidado!

ADVOGADO TRIBUTARISTA

Os tributaristas recuperam ativos empresariais que foram indevidamente pagos ao fisco, ou evitam que ocorram pagamentos indevidos. Nosso sistema tributário é cheio de lacunas e, constantemente, há entendimentos judiciais e administrativos que significam o direito de uma empresa ou pessoa reaver valores pagos ao “Leão” ou deixar de pagar determinados tributos. Também atuam na defesa de multas aplicadas pelo fisco e, muitos deles, são capacitados para consultoria tributária, trabalhando para que o cliente seja tributado de forma justa.  Assim, também são advogados importantes para casos pessoas físicas, como defesa na malha fina da Receita Federal e problemas como como cobrança indevida de IPVA.

DIREITO DIGITAL E PROPRIEDADE INTELECTUAL

Com a popularização da internet e surgimento de novas tecnologias e formas de fazer negócios, surgiram os advogados especializados em questões do ambiente digital, tanto para auxiliar empreendedores quanto aqueles que tiveram relações comerciais e/ou de consumo à distância e precisam de suporte. Nesse mesmo time incluímos os profissionais qualificados para registro de marcas e patentes, bem como defesa de assuntos referentes a direitos autorais. Embora essa última atuação possa ocorrer fora da internet, a conexão com o mundo fez com que tanto a proteção quanto o monitoramento de direitos intelectuais estejam muito ligados ao universo online. Aqui você encontrará profissionais que entendem sobre:

  • proteger, organizar e estruturar startups e e-commerce;
  • registro de marcas, softwares e modelos de utilidade perante o INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial);
  • criação de vesting e cliff;
  • elaboração de termos de uso para sistemas digitais e políticas de privacidade para sites, consultoria sobre proteção de dados e consequências do marco civil da internet no Brasil.

ADVOGADO AMBIENTALISTA

Aqui o termo pode causar algum engano. Embora haja muitos advogados devotados a causa animal e ambiental, o ambientalista – para a advocacia – geralmente é aquele que atuará na defesa e interesses de empresas. O objetivo será equacionar os interesses comerciais/industriais com a proteção ambiental, destravando licenças em órgãos de fiscalização, prevenindo e defendendo aqueles sob os quais pesam violações das normas de proteção do meio ambiente. ADVOGADO ADMINISTRATIVO Aqui se encontrarão os advogados especialistas em atuar perante os mais diversos órgãos públicos, desde sindicâncias de funcionários públicos até a defesa de multas de trânsito.  Todo advogado tem o Fórum como ambiente comum para o trabalho, mas aos advogados do âmbito do Direito Administrativo está o dever de análise de contratos, consultoria para licitações, apresentação de defesas e recursos em órgãos públicos etc.  ADVOGADO PREVIDENCIÁRIO Outro profissional muito requisitado é o especializado em aposentadorias, pensões, auxílio doença, benefício de prestação continuada, auxílio-maternidade, auxílio-reclusão e outros. Podem atuar desde o pedido perante o Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) até a fase judicial, caso haja indeferimento do pedido administrativo. São profissionais atualizados nas mudanças das normas previdenciárias e dos entendimentos do judiciário, hábeis em elaborar teses jurídicas para resguardar direitos de quem contribui para previdência social e, geralmente, especialmente habilidosos na interpretação de laudos médicos!

2. Procure recomendações de bons profissionais

A forma tradicional de contratar um advogado é pelas recomendações, fruto da reputação do profissional. O ponto fraco da recomendação é que, quem recomenda, pode não saber quais são as especialidades do advogado, mesmo assim é uma validação importante para outros atributos, como agilidade, honestidade e bom atendimento. Se o profissional foi localizado via internet, ler as recomendações de clientes pode lhe ajudar a fazer a triagem. Não foque na quantidade, mas na qualidade das avaliações, em especial os comentários de clientes – sejam comentários bons ou ruins, você poderá ver os atributos. Existem sites como JusBrasil e StarOfService, onde você poderá encontrar profissionais e recomendações interessantes. Porém, uma coisa que não te dizem é que, nesses sites, os advogados pagam por um perfil PRO e pagam (sim, os advogados pagam) pelos atendimentos que realizam. Obviamente não é um problema buscar advogados nesses sites e, muito menos há qualquer demérito ao advogado por encontrar clientes por esse meio. Mas, no ponto da recomendação é bom deixar claro que não se trata de um sistema em que você receberá o contato, necessariamente, do melhor profissional para seu caso.

3. Verifique a experiência do advogado no assunto que você precisa

Todo advogado tem que começar de algum lugar para ganhar experiência. A faculdade não ensina muitas táticas que são fundamentais para obter resultados sem comprometer o cliente, por isso, um advogado iniciante deve ter a humildade de reconhecer seus limites e a disposição de avançar, dentro das regras do jogo. Uma pitada de orgulho, outra de desconhecimento e muita de desrespeito aos limites da profissão levam o inexperiente a um caminho sem volta pela seara da irresponsabilidade. Lidamos com a vida e patrimônio das pessoas, pelo que advogar não é para covardes. Quando o barato acaba saindo caroHá pouco tempo fomos consultados para ingressar em um processo criminal com prisão decretada. Respeitando o código de ética da advocacia, quando perguntados sobre os honorários, repassamos o valor referencial de tabela. Orientamos o cliente sobre a necessidade de fazer a resposta a acusação, arrolar testemunhas etc. O possível cliente queria um “serviço parcial” apenas com o pedido de revogação da prisão, o que consideramos inviável na prática. Não é o ideal entrar em um processo criminal com prazo pra resposta a acusação apenas para pedir a revogação da prisão. Diante do valor e da orientação, recebemos o silêncio. Passados alguns dias, perguntamos se restou alguma dúvida. Prontamente nos informou que contratou outro advogado, que aceitou fazer só um pedido de liberdade, cobrando preço muito inferior. Agradecemos e, curiosos, lá fomos pesquisar as informações públicas sobre o processo. A revogação da preventiva foi obtida pelo colega jovem em poucas horas, numa petição objetiva e muito bem escrita.  Entretanto, no mesmo ato, o advogado foi intimado para apresentar resposta à acusação. Como a cobrança foi somente pelo pedido de liberdade, ele já havia renunciado à procuração. O problema, nesse caso, é a inexperiência em assumir questões complexas para fazer o “básico” desejado pelo cliente, por honorários que são uma fração da tabela de referência. Conjecturas a parte, soou claro que o acusado foi orientado de maneira incompleta, para dizer o mínimo. Ouviu o que queria ouvir, foi cobrado do preço que queria (ou podia) pagar, mas está tecnicamente indefeso e sob risco de ter a prisão decretada novamente. Tudo errado! Advogado cobrando uma fração da tabela por um serviço complexo, se comprometendo a fazer uma parte importante, porém incompleta, de um serviço que deveria ser completo, se enrolando com renúncia de processo. Enfim, um pandemônio! Injustiças acontecem todos os dias pela inabilidade de alguns em fazer o que deve ser feito, como deve ser. Por isso a experiência é um diferencial: não basta apenas saber o que se deve fazer, mas saber como fazer é fundamental, começando pela orientação adequada ao cliente. A defesa técnica cabe ao advogado, que deve executá-la com responsabilidade, sem desvalorizar seu serviço e violar a ética profissional. Essa dica vale tanto pra quem quer saber como contratar advogado quanto para o jovem advogado em busca de experiência. O judiciário é pouco amigável com amadorismo e quem paga a conta é o cliente.

4. Procure e analise o site e/ou redes sociais do advogado

O site do advogado é uma porta de entrada para referências, validação e observação de seu perfil e qualificações. Um bom site terá o currículo do advogado, ou um link para o Linkedin, rede social profissional que é referência em todo mundo.  Terá ainda as áreas de atuação e, possivelmente, um blog com atualizações. Com essas informações você poderá conhecer melhor o profissional que deseja contratar.  As redes sociais são um paradigma interessante, mas não determinante. Muitos advogados reservam seus perfis em redes sociais para emitir opiniões pessoais e conteúdos de família. Claro, se o perfil for aberto, é possível fazer o seu juízo de valor quanto à conduta do advogado.  No Código de Ética da Advocacia, a conduta pessoal dentro da moralidade e ética é um requisito profissional. Trata-se de um ponto sensível, mas se um profissional abre suas redes para os clientes, esse tipo de julgamento acaba sendo algo esperado e natural. Caso o advogado tenha histórico de atuação em casos de repercussão, também será possível ter referências por meio da imprensa.  Toda essa pesquisa não é trabalhosa. Na verdade, com o Google, você poderá encontrar essas informações com muita facilidade e rapidamente.

5. Escolha um advogado que inspire confiança (e confie nele!)

Nos passos anteriores, você entendeu como escolher um bom advogado de forma técnica, no sentido de localizar um profissional que atue na área que você precisa, sabe o que está fazendo e tem boas recomendações. Tudo isso adianta muito pouco que se não houver confiança, consolidada durante o contato direto. É uma via de mão dupla, na qual cabe ao advogado passar credibilidade em seu atendimento e ao cliente confiar que chegou a um profissional que tem atributos pessoais e técnicos que lhe habilitam a dar a melhor solução para o caso. Confiar na estratégia pensada pelo advogado é fundamental para o êxito. Às vezes, a resposta dada não é a que o cliente quer ouvir ou a solução não é aquela que o cliente pensou ser válida. Advocacia é serviço de meio e não de resultado.  A subjetividade impera, mas, existe um padrão de comportamento na valorização dos cabelos brancos. Há certo engano na expectativa de que o advogado mais velho é mais experiente. Não necessariamente!  É comum encontrar militares da reserva ou agentes públicos aposentados (para dar exemplos) que passam a advogar após deixarem a ativa, com pouca ou nenhuma experiência nos meandros do judiciário.  Na mesma linha, é comum encontrar profissionais com anos de advocacia, mas desatualizados sobre alterações na legislação. Por outro lado, encontram-se jovens advogados altamente qualificados e experientes em demandas complexas.  Não há fórmula mágica quando se fala em confiança. Apenas alertamos para que a maior ou menor idade não sejam determinantes pois, em direito, as dinâmicas são diferentes. 6. Mas, se achar importante, procure uma segunda opinião Por mais que exista plena confiança no advogado consultado inicialmente, em casos onde há certa complexidade ou que não há conforto com o caminho sugerido pelo profissional, ouvir outro advogado especialista é uma solução. A título de exemplo, durante a redação desse texto, fomos consultados sobre uma questão de acidente de trânsito. A cliente queria saber se a UBER poderia ser responsabilizada por acidente de trânsito causado por um motorista, durante uma corrida.  Antes de nos consultar, conversou com outro advogado que lhe disse – em síntese – que a UBER não era responsável. A pessoa, que também é motorista de aplicativo, permaneceu em dúvida e recebeu uma recomendação para falar conosco.  Bom, temos várias decisões da justiça no sentido de que a UBER, 99 e outras são responsáveis solidárias por acidentes causados por motoristas durante viagens.  As decisões divergentes são, a maioria, em casos de motoristas inativos na plataforma, pelo que a segunda opinião, avalizada, trouxe um caminho diferente do proposto por outro advogado e que foi no sentido – fundamentadamente – da convicção da cliente.

7. Entenda como funcionam os honorários advocatícios

Existem três formas pelas quais o advogado pode receber seus honorários: 1) Pagos pelo cliente para entrar com a ação, prestar o serviço;2) Por êxito, recebidos quando vencer a ação;3) Sucumbência, que é o honorário pago pela parte contrária quando o advogado ganha a ação. Cada ramo do direito tem uma forma tradicional de estabelecer os honorários. O criminal, por exemplo, tem como praxe o pagamento à vista (ou outra forma combinada) para apresentar as defesas necessárias; por sua vez, na esfera trabalhista, o comum é uma porcentagem do valor recebido ao término da ação. Daqueles honorários que são pagos pelo contratante, independentemente da forma como serão combinados, é importante saber que a Ordem dos Advogados do Brasil tem tabelas de referência nos Estados, que devem ser seguidas pelos advogados. Sempre sugerimos que o cliente solicite a tabela para o advogado, ou faça download previamente (o que pode ser feito com uma rápida pesquisa no Google) e veja o valor de referência para os serviços que pretende contratar. É vedado ao advogado cobrar valores insignificantes pelos serviços. Por exemplo, no Estado de São Paulo, um Habeas Corpus (ref. 2020) tem valor que varia de R$ 11.820,00 à R$ 17.419,00.  O advogado poderá cobrar mais por tal serviço de acordo com sua reputação, porte do escritório e outros fatores de valoração, bem como poderá adequar o valor para menos, de acordo com critérios estabelecidos pelo profissional na análise do caso concreto. Mas, em nenhuma hipótese poderá cobrar valores baixíssimos, desvalorizando a profissão e seus serviços. A questão dos honorários é uma baliza em que o contratante poderá medir, em consonância com os outros pontos já mencionados, se o profissional está atuando de forma ética e consciente, dentro das normas estabelecidas pela categoria. O contrato de honorários advocatícios é um título executivo extrajudicial. Traduzindo, é como se fosse um cheque: caso não seja pago, poderá ser protestado e alvo de cobrança judicial. Aproveitamos para destacar o trabalho gratuito da Defensoria Pública que, por si e por meio dos convênios com as seccionais da OAB, presta um excelente serviço na triagem de casos (que são consultas) e atuação em processos.  Entretanto, existem limites para utilização da Defensoria: por exemplo, não atua em demandas trabalhistas ou em favor de pessoas jurídicas, entre outras restrições, inclusive quanto à renda do beneficiário. Na escolha de advogados pelo critério dos honorários, dividimos entre a advocacia gratuita, exercida pela Defensoria Pública e particular, essa balizada por uma tabela que iguala a todos e deve ser respeitada.  Nós temos muitas ressalvas quanto a alguns valores propostos na tabela de São Paulo, que são impraticáveis em alguns casos, mas nem por isso deixam de ser uma referência fundamental. O grande número de advogados no país dificulta a fiscalização e estabelece uma concorrência enorme entre profissionais. Há espaço para todos, mas é importante que o contratante saiba diferenciar e selecionar o profissional que pode lhe servir com maior qualidade – e isso tem um custo.

8. Cuidado com promessas em excesso

O bom advogado nunca prometerá resultados. Por mais que confie no direito do cliente e na qualidade de seus serviços, o êxito depende de muitas variáveis dentro de um processo e o êxito, por mais óbvio que possa parecer, nunca será uma garantia. O prognóstico positivo não pode ser confundido com promessa de vitória, bem como o prognóstico negativo não é certeza de derrota na causa. A confiança no caminho escolhido é o primeiro passo para que o resultado positivo seja obtido. Por trás da promessa mirabolante podem estar o desespero para o fechamento da causa, comprometendo-se com um resultado que não pode ser garantido ou, em raros casos, a percepção do profissional de que a situação já está em vias de solução.  Nessas situações, não há como defender a conduta do profissional e, muito menos, prever e antecipar a circunstância. Daí o sinal de alerta; diz o ditado: “quando a esmola é demais, o santo desconfia”. Quando você conhece a forma como se dão as tramitações de processos, os riscos envolvidos, expectativas e o peso das decisões, a cautela é sua melhor amiga.

9. Valorize a consulta

Assim como ocorre com a medicina, mais uma vez utilizada como paralelo de comparação, a consulta – presencial ou remota – é o momento em que o advogado poderá compreender os fatos, formar suas convicções, analisar documentos e emitir seu parecer.  Consultas via aplicativos de mensagem e telefone não são permitidos pela Ordem dos Advogados do Brasil. No entanto, vez ou outra, o advogado consegue ter uma posição sobre a questão posta já no primeiro contato. É o caso da pessoa que recebeu uma citação para apresentar em razão de uma dívida e, no contato com o advogado, informa que já pagou e tem o comprovante. É a situação típica em que o advogado consegue posicionar o que deve ser feito e fixar seus honorários rapidamente. O que é diferente de situações mais complexas, em que há relatos de testemunhas, verificação de documentos, coleta de versões etc.  Tanto pela vedação ética quanto pela forma como ocorre, muitos advogados rejeitam a hipótese de informar sobre processos via Whatsapp, Telegram e outros. Isso porque, é comum, após orientar – em cortesia – o advogado deixar de ser contatado, tendo disponibilizado seu tempo e conhecimento sem retorno. Veja bem: ninguém manda mensagem para um médico particular pedindo uma receita ou tratamento. A lógica é a mesma. Falamos aqui também sobre a cobrança de consultas. Advogados são como médicos: dão diagnóstico sobre situações que lhes são submetidas. O diagnóstico pode depender do exame de processos e documentos, diálogo e experiência. Honorários pela consulta são justos e, quando procurar um bom advogado e houver cobrança de consulta, saiba que ao pagar está valorizando o profissional.

10. Priorize um contrato escrito

O contrato não é apenas uma garantia de recebimento para o advogado, também é a formalização do compromisso do profissional com o cliente. No contrato escrito o advogado poderá descrever suas atividades e responsabilidades.  Não é incomum haverem impasses entre profissional e cliente por conta de compromissos verbais não adimplidos. Portanto, trata-se de uma proteção que evita desgastes para ambos.

BÔNUS – SOBRE TROCAR DE ADVOGADO

Suponhamos que você não leu esse texto antes, escolheu um advogado e não está satisfeito com o serviço prestado ou, mesmo que satisfeito, houve motivos para quebra de confiança. Bom, a mudança de advogado é permitida e segue um procedimento simples. Eticamente, um advogado não pede para outro sair do processo. Atravessar uma nova procuração é atitude antiética e está sujeita apuração perante o Conselho de Ética da OAB. Em regra, o cliente contacta o advogado que pretende ver substituído e solicita um substabelecimento sem reserva de poderes. Esse documento será elaborado, em geral, apenas quando o contratante estiver com suas obrigações quites com o contratado, tendo-o remunerado pelos serviços que realizou ou por terem pactuado o encerramento da contratação de maneira amigável. Quando o substabelecimento é elaborado, o novo contratado sabe que seu antecessor encaminhou o documento por estar resolvido com seu antigo cliente e podem prosseguir com os serviços.  Salvo motivos extremamente urgentes e justificados, um advogado pode receber uma nova procuração para atuar em uma ação que já possui advogado constituído. Por motivo urgente, é exemplo a necessidade de prática de ato urgente após a paralisação do processo por inércia do advogado que patrocina a causa. Nessas situações, normalmente o cliente é intimado para dar andamento no feito sob pena de arquivamento e, se não conseguir contato com o advogado constituído, poderá constituir outro que, por sua vez, poderá aceitar o encargo sem punições.  A busca de um novo advogado não é fácil. Novamente, com base na ética jurídica, um advogado não pode atender e emitir parecer para cliente de outro advogado, em processos em andamento. Por isso, para que não seja necessária a saga para troca de advogado, é melhor ser cauteloso na escolha. Por fim, é razoável frisarmos que a advocacia é atividade de meio e não de resultado, pelo que o resultado desfavorável não é motivo – por si só – para mudar de advogado, devendo entender os motivos dessa decisão e apurar nos autos se o trabalho foi realizado dentro dos parâmetros profissionais. Em sendo esse o caso (e na imensa maioria é), cumpre buscar os recursos cabíveis para eventual reversão e, como já dito, confiar no seu advogado!

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